18 de Maio
Se em maio passares no campo
E sentires com espanto
Certo perfume no ar,
Não gaste tempo procurando:
Nenhuma flor com tal cheiro
Conseguirás encontrar.
Pois o que sentes é pura memória
É uma pequena vergonha
Diluída no vento;
De uma flor que ainda tão nova,
Virou história de morte
Por um cão violento.
A flor, ainda nem bem nascida
E o cão a mordia,
E o cão a manchava,
E de sangue a tingia,
E a violentava...
E suas pétalas que iam murchando
Sem nem ter nascido,
Sem nem ser madura
Sem ter feito nada.
Os dois cães que sem alma ou piedade
Loucos e famintos,
Violentaram a flor;
E Vitória, que tendo visto tudo,
Também fez o crime,
E ao juiz se calou.
Por isso, quando passo no campo
No outono sem dono,
Não posso evitar;
Lembrar dos três meses vazios,
Da gaveta de aço
A se dissimular;
E apesar da agonia da flor
E do cheiro de horror
Que resguarda o ácido,
Eu ainda possuo a esperança
De que ainda, alguma criança,
Será salva em 18 de maio.
Hmmm... essa poesia me intrigou muito. Ficou muito boa... porém o conteúdo me deixou realmente intrigado.
ResponderExcluirNo começo quando falou sobre maio, e procurar o perfume de uma flor... confesso que me veio a cabeça alguém procurando em maio o perfume de um amor de abril. Algo assim, se é que me entede. Mas ao decorrer do poema, isso foi mudando. É como se fosse o descritivo de algo realmente terrivel que ocorreu em maio, por isso queria perguntar...
É baseado em algum fato real, ou foi algo que surgiu?
Realmente, ficou muito forte, e também, o estilo, ficou bem empregado, embora a métrica pode ser bem mais trabalhada, Esses sextetos são muito bons de se trabalhar, apesar de eu particularmente achar muuuuito dificil de manter um nivel fonético com um simetrismo perfeito neles. Mas realmente produzem um efeito muito interessante.
Well ruukasu, muito bom, me intrigou bastante, mas o nivel está otimo. Meus parabéns por voltar a escrever, e continue assim, quero ler mais.
Eu demoro, mas eu posto! IOAUSHoaushASUOIHsaoh (e eu leio tudinho u.u)