13 de agosto de 2012

Eco



Eco

“A Y.Q., porque
Eu a amo.”

Há mais de vinte mil maneiras
De se engastar o poema, Eco. Qual,
Dentre as vinte mil, seria a Ela
Maneira mais apropriada?

E por que, dentre os vinte mil mármores,
É só a polidez da sua pele
O que me transtorna?

O tempo brinca, Eco, quando não se está
Verdadeiramente vivo. O tempo
Liberta-se, criança e eufórico,
Do nosso abraço frouxo
E atravessa a rua
Voluptuosamente.
O tempo brinca, e brincando
Levou-me dois anos inteiros,
E ainda leva.

Este tempo
Me tortura.

Eco, minha irmã mística, pluralizada
Que caminha sorrateiramente e beija-me
A tez tensa, a cada madrugada em claro.
E eu digo-lhe assim, meio sonolento
Meio vago,
Que te conheço.
Eco,
E que sigo teus passos.

Eu repito, a cada verso, o poema passado
E me retorna, a cada grão de paixão,
A turquesa do rio, caudaloso e intenso,
E eu lascivamente
Desisto de amar.

Eu sou como Narciso, Eco.
De dom em dom, teço minha arte.
E o talento, eu sei, me escorre o braço
Até o pincel, o acorde e a caneta, como vida
Como se fosse fácil.
Mas de que serve, Eco, tornar-se lenda
Tendo-se o amor a parte?

De que serve, Eco, sorver beleza da lua,
E só sorver, até que ela se desgaste?
Por isso insisto, Eco
Que te entendo. Tu que não possui Narciso,
Eu que não possuo a Lua,
E nós vamos repetindo,
Repetindo,
Os mesmos versos
Em verbos diferentes.

Há mais de vinte mil maneiras
De se começar o poema, Eco. Porém,
Minha poesia é uma só,
E só você entende.

Lucas de F.R. Altmicks, 13 de Agosto de 2012

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